Dia 18 de Maio de 2010

Depois da palestra de apresentação do nosso projecto “Discriminação/Reinserção Social face ao Idoso”, voltámos ao Lar que ao longo do ano temos vindo a visitar. Mesmo estando o trabalho na sua etapa final, não podíamos deixar de disponibilizar um pouco do nosso tempo aos idosos, pois estes não são encarados por nós como simples objectos de estudo, mas sim como valiosos seres com os quais temos aprendido a viver de uma melhor forma, já que enchem os nossos corações de felicidade e carinho e a nossa mente de grandes ensinamentos e conselhos.
Sempre que nos dirigimos ao lar, somos muito bem recebidos, não só pelos seus utentes, como também pelas entidades competentes. E esta última visita não foi diferente, sendo uma das mais especiais. Desta vez, fomos recebidos de uma forma tão mágica, intensa e calorosa, que apenas uma grande emoção e felicidade nos trespassou.
Quando lá chegámos, logo à entrada, dois idosos nos cumprimentaram muito gentilmente, com uma grande simpatia. Quando nos deslocámos à sala de convívio, onde estavam presentes muitos idosos, fomos completamente contemplados. Todos os que lá estavam, nomeadamente as três idosas que convidámos para a nossa palestra, nos cumprimentaram com enormes sorrisos, mostrando-se uns verdadeiros “avozinhos”.
Eram tantos os idosos que connosco queriam conversar, que chegámos a ter algumas dificuldades em darmos a todos a mesma atenção. Mas, como desejamos oferecer todo o carinho e apoio possível, conseguimos, apesar da escassez do tempo, falar com grande parte dos idosos.
Assim, foram imensas as conversas que com eles estabelecemos e cada uma delas arrebatou-nos por completo, deixando-nos mais um ensinamento, uma reflexão, um sorriso ou até mesmo algumas lágrimas. Conversámos com uma senhora, que a primeira coisa que nos disse foi que estava a rezar por nós para que os testes, que iríamos concretizar, nos corressem da melhor forma. Obviamente que isto nos fez sentir imensamente acarinhados e até protegidos. Contou-nos também que a sua vida não tinha sido fácil, pois durante muito tempo foi vendedora de gado e sempre que havia uma feira na cidade, tinha de se deslocar até aí, a pé, com todo o gado, fizesse sol ou chuva. Trabalhou muito e só após o 25 de Abril de 1974, a sua vida melhorou uma vez que alguma da miséria pela qual passava, diminui. Esta declaração emocionou-nos e fez-nos pensar que nós jovens comparados com esta idosa, na sua juventude, possuímos muita sorte já que nunca passámos por este tipo de situações. Uma outra senhora, muito feliz com a nossa visita, fez questão de nos mostrar os casaquinhos de malha, que com muito cuidado os faz, nos falou do seu filho que, apesar de não poder estar ao seu lado como deseja, se mostra um filho muito querido já que a visita constantemente, dando-lhe muito amor. Referiu-nos também a operação que fez ao seu joelho e que a limitava ao nível da locomoção, o que a entristecia profundamente. Ao vermos as lágrimas desta idosa, por falar das dificuldades que passa devido ao seu problema de saúde, logo tentámos animá-la, dizendo-lhe que, apesar de todas as adversidades, teria que ter força para as ultrapassar pois merecia ser feliz. No final da conversa, esta senhora desejou-nos muita sorte e felicidade, dizendo-nos que deveriam existir muitos jovens como nós, capazes de dar a mão a quem mais precisa. Pediu-nos ainda para a continuarmos a visitar e claro que é isso que vamos fazer. Estabelecemos também uma conversa com um senhor, que nos disse que além de gostar muito deste lar, sente muita falta da sua verdadeira casinha, assim como da sua esposa que já faleceu a alguns anos. Este seu discurso foi muito comovente e marcante.
Há ainda que dizer que outras senhoras (duas das convidadas para a palestra), falaram connosco sobre os programas televisivos que costumam ver e ainda nos levaram a visitar vários locais do lar como, por exemplo, o terraço e a enfermaria, onde contactámos com idosos doentes e acamados. Esta visita chocou-nos um pouco, pois tomámos a consciência que existem muitos idosos, que devido a problemas de saúde, não podem viver a velhice de uma forma plena tal como merecem.
Podemos dizer que com esta visita, nos sentimos muito mais familiarizados com o lar.
Há que dizer, que não foram estes os únicos momentos pelos quais passámos, muitos outros tiveram lugar nesta ida à casa de alguns idosos marcuenses.
Por tudo o que está acima assinalado, podemos dizer que, de facto, é uma experiência única e muito especial exercer voluntariado, sendo que cada momento desta acção é sem dúvida inesquecível.
Esperamos que outros jovens sintam o desejo de concretizar este simples acto tão solidário!

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