Imersos num carinho humano
De afectos e reconhecimento
Obtidos ao longo da vida
São amorosos os nossos idosos
Olhos enrugados de
Sabedoria

Dias Especiais para os nossos Idosos

Hoje publicamos aqui no nosso blog, as datas mais emblemáticas em que os nossos idosos recebem a atenção que merecem!

 
     Com o término do projecto “Discriminação/Reinserção Social face ao Idoso”, no qual trabalhámos ao longo do anterior ano lectivo, fizemos uma pausa na publicação de rubricas neste nosso blog, onde sempre apresentámos as etapas mais importantes do trabalho.
     Porém, hoje passados alguns meses desde o fim desse projecto tão gratificante, apresentado a toda a comunidade escolar, que nos tornou pessoas mais conscientes relativamente a este problema que afecta muitos dos idosos da sociedade actual, retirando-lhes a estabilidade que merecem para viver os últimos anos das suas vidas, voltamos para dar continuidade a esta nossa luta contra a discriminação que iniciámos no dia em que conhecemos a disciplina de Área de Projecto e em que nos foi colocado o desafio de construir um projecto consistente, capaz de sensibilizar e de deixar uma importante mensagem à comunidade escolar e à sociedade abrangente.
     Apesar de hoje já não estarmos aqui como alunos e construtores de um projecto para a disciplina acima referida, o objectivo continua a ser o mesmo: mostrar à sociedade que o envelhecimento não deve ser encarado como decadência mas sim como um processo natural e irreversível, sendo necessário lutar contra o preconceito, a discriminação e o isolamento da sociedade para com o idoso, dando-lhe o direito de viver com uma maior qualidade de vida o seu presente. 
     Assim, a partir de hoje este blog será somente um espaço dedicado à terceira idade, com especiais rubricas, cujo fim é alertar os nossos visitantes e fazê-los tomar uma atitude melhor e diferente face ao idoso, informações, poemas, músicas…enfim, tudo aquilo que é necessário para apresentarmos um blog divertido, especial e essencialmente marcado pela palavra “idoso”!!!

Esperemos que gostem!

Com a chegada do 12º ano, carregada de importantes decisões e perspectivas para o futuro, um novo desafio surgia nas nossas vidas. Finalmente teríamos a disciplina de Área de Projecto e, no âmbito desta, seria necessário escolher um tema actual a desenvolver num projecto, ao longo do ano lectivo. Depois da constituição do grupo de trabalho, era a hora de reflectir e discutir acerca da eleição de um tema que fosse ao encontro das expectativas de cada um dos elementos e que, acima de tudo, fosse gratificante, despertando em nós, o desejo de nele trabalhar afincadamente em direcção ao maior sucesso possível. Não foi fácil, mas chegámos a um consenso e o tema escolhido foi, sem sombra para dúvidas, a Discriminação/Reinserção Social face ao Idoso.
Muitos poderão questionar o porquê de termos eleito esta temática. A resposta é simples: os idosos são quem mais precisa de nós, já que nos dias que correm são muitas vezes tratados pela sociedade como “trapos velhos”, sendo maltratados e discriminados em variadas situações.
A discriminação ou qualquer outro tipo de crime exercido sobre o idoso, é uma realidade bem presente nos nossos dias, no entanto, muitos a ocultam, principalmente os mais jovens, que preferem não abordar o assunto, fazendo de conta que este verdadeiro flagelo não pertence às suas vidas. Porém, nós jovens que nutrimos muito orgulho e carinho pelos nossos velhos sábios, quisemos sem qualquer medo ou preconceito dar asas a este assunto e ajudar os idosos a ultrapassarem este grande problema que tanto afecta as suas vidas.
O envelhecimento deveria ser a fase, como eles próprios a tratam, da melhor idade. Período de aproveitar e usufruir os bons momentos, depois de uma vida inteira dedicada ao trabalho e família. Mas nem sempre é esta a realidade de muitos dos idosos. Estes deixaram de ser vistos, como seres de sabedoria, contadores de histórias, mas sim como “velhos" que dão trabalho, estão à espera da morte, e deixaram de ser úteis. A debilidade física e emocional torna estas pessoas, muitas vezes, alvos fáceis de maus tratos e de esquecimento. Diariamente assistimos a casos de idosos vítimas de discriminação, de crime, violência psicológica, negligência familiar ou abandono. Na maioria das situações, as queixas concretizadas são dirigidas contra filhos, netos ou cônjuges e ainda a outros parentes. As denúncias podem revelar abusos económicos, como tentativas de apropriação dos seus bens, agressões físicas e ainda, recusa dos familiares em dar-lhes protecção.
Em consequência dos maus tratos, muitos idosos passam a sentir depressão, sentimentos de culpa, solidão e negação das ocorrências e situações que os vitimam a viver em desesperança.
Segundo a doutora Cristina, técnica da acção social da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, cidade onde o nosso projecto tem o seu maior foco, são conhecidos no concelho alguns casos de idosos vítimas de alguns dos crimes acima mencionados. Inquéritos realizados a algumas das turmas da Escola Secundária da mesma cidade e entrevistas de rua dirigidas, na sua grande maioria, aos cidadãos marcuenses, mostram que a maioria dos inquiridos considera que no concelho existe escassez de lares ou instituições que possam acolher a população idosa e que esta é discriminada e mal apoiada pelo mesmo. É necessário estar atento a estas situações que pairam na cidade e arredores, já que constituem um grande problema social que precisa de ser urgentemente resoluto.
Defendendo o nosso slogan, “Juntos de Mãos dadas”, demos as mãos aos idosos e com eles temos vindo a tentar mudar um pouco a mentalidade da sociedade, nomeadamente a da comunidade escolar. É essencial perceber que tal como um jovem, o idoso também chora, ri, ama e sofre e que por isso qualquer acto destinado a si surtirá um destes efeitos. Tal como qualquer ser humano, estes devem ser respeitados e considerados constituintes do mundo onde todos vivemos. Um simples sorriso ou uma palavra amiga é o necessário para que se sintam úteis, amados e acarinhados. Os mais jovens têm muito a aprender com os idosos. Nós, por exemplo, ao concretizarmos acções de voluntariado no Lar Rainha Santa Isabel, passamos por momentos que se revelam verdadeiramente importantes, produtivos e gratificantes, já que sempre nos trazem algum ensinamento, alguma reflexão acerca de qualquer aspecto perante o qual nunca nos tínhamos deparado e situações emocionantes que nos fazem rir e até mesmo chorar. Além disso, os mais novos nunca se devem esquecer que um dia também envelhecerão e, assim como os velhinhos de hoje, quererão acima de tudo, respeito, paz e estabilidade para viverem a última etapa das suas vidas. Devemo-nos colocar no lugar deles e reflectir sobre o que sentiríamos ao passarmos por actos tão cruéis, simplesmente por fisicamente não sermos jovens. “Cada um tem a idade do seu coração” e como tal, existem muitos idosos com uma mentalidade mais aberta e pura do que muitos jovens detentores de um espírito decadente e preconceituoso.
Em suma, pretendemos mostrar que o envelhecimento não deve ser encarado como decadência, doença ou peso social, mas sim como um processo natural, universal e irreversível, sendo necessário lutar contra o preconceito, a discriminação e o isolamento que atingem o idoso, dando-lhe o direito de viver em sociedade e mostrando-lhe que é possível viver o seu presente com uma boa qualidade de vida. A sociedade deve, assim, passar de um meio que desvaloriza o idoso a um palco onde este possa transmitir a sua caminhada existencial e a tão vasta sabedoria dela decorrente.

O Grupo “Juntos de Mãos Dadas”
(12ºB)

Reflexão Final

A discriminação ou qualquer outro tipo de crime exercido sobre o idoso, é uma realidade bem presente nos nossos dias, no entanto, muitos a ocultam, principalmente os mais jovens, que preferem não abordar o assunto, fazendo de conta que este verdadeiro flagelo não pertence às suas vidas. Porém, nós jovens que nutrimos muito orgulho e carinho pelos nossos velhos sábios, quisemos sem qualquer medo ou preconceito dar asas a este assunto e ajudar os idosos a ultrapassarem este grande problema que tanto afecta as suas vidas.
Defendendo o nosso slogan, “Juntos de Mãos dadas”, demos as mãos aos idosos e com eles tentámos mudar um pouco a mentalidade da sociedade, nomeadamente a da comunidade escolar.
É certo que ao longo do desenvolvimento deste projecto, foram vários os obstáculos que surgiram como, por exemplo, a demora de respostas por entidades contactadas, e os momentos em que nos sentimos completamente perdidos e praticamente estagnados no trabalho. Porém, perante todo o desejo que sempre tivemos em alertar a sociedade para o grande valor e papel desempenhado pelo idoso, incentivando-a a dar-lhe a devida grandeza e qualidade de vida, ultrapassámos com uma grande força, empenho, dedicação e amizade estas adversidades que abalaram o projecto em curso, agora na recta final.
Hoje passados tantos meses desde aquele dia de Setembro, em que elegemos o tema a desenvolver num projecto ao longo do ano, podemos dizer que todos os dias em que dedicámos um pouco do nosso tempo a lutar contra a discriminação exercida sobre o idoso, foram absolutamente inesquecíveis e todos eles nos deixaram uma “marca”, um ensinamento ou um valor que permanecerá em nós por todas as nossas vidas.
Nunca esqueceremos os instantes em que unidos pela mesma luta, nos reunimos para pormos em prática as ideias que detínhamos para o nosso trabalho, o que além de contribuir para o seu êxito, fortaleceu a união e a amizade que reina no grupo e os momentos em que tentámos mostrar à sociedade que os “velhinhos”do nosso tempo, tal como qualquer outro ser humano, merecem ser valorizados e respeitados. Os idosos são pessoas que já viveram vários anos, que passaram por bons momentos, mas que também ultrapassaram diversas contrariedades e infelicidades que cruzaram as suas caminhadas existenciais. Acima de tudo, são valiosos contadores de histórias, nobres conselheiros e eternos sábios, com os quais os mais jovens apenas têm a aprender, crescendo no sentido de se tornarem, um dia mais tarde, grandes cidadãos.
Serão ainda memoráveis, todos os instantes em que no Lar onde realizámos acções de voluntariado, um idoso ao nos ver, esboçou um sorriso tão grande e verdadeiro que logo encheu os nossos corações de orgulho e felicidade e as ocasiões em que tivemos a oportunidade de conversar com os idosos, ouvindo-os e dando-lhes também uma palavra amiga.
Enfim, serão situações a registar nas nossas memórias, todas aquelas que passámos ao lado destas maravilhosas pessoas e que despertaram em nós sentimentos, emoções e reflexões que nem temos palavras para explicar.
No final do ano lectivo e desta caminhada pelo mundo real dos idosos, perante todos os benefícios que este trabalho nos trouxe, resta-nos apenas dizer que nos orgulhámos por o termos levado à avante em prol do bem-estar do idoso, ajudando-o de alguma forma a viver esta última etapa da sua vida de forma plena e saudável, considerando ainda, que concretizámos grande parte dos objectivos propostos para este projecto, revelando-se assim muito especial, importante e gratificante!


NÃO TE FIES DO TEMPO NEM DA ETERNIDADE


Não te fies do tempo nem da eternidade
que as nuvens me puxam pelos vestidos,
que os ventos me arrastam contra o meu desejo.
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te vejo!

Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
ó lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te escuto!

Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te digo...
Cecília Meireles, in "Retrato Natural"

 
TEMA: Baixos rendimentos dos idosos

Os idosos são constituintes de um dos grupos mais vulneráveis à pobreza, devido aos baixos valores das suas pensões.
Efectivamente os resultados de estudos sobre a população idosa demonstram que é nos agregados constituídos por idosos a viver sós que se registam as taxas mais elevadas de pobreza que se traduzem em deficientes condições de alojamento, e na inacessibilidade a bens de equipamento e conforto.
Esta situação assume maior gravidade no caso dos homens que vivem sós.
É necessário e urgente, que a sociedade tenha consciência desta realidade que atinge vários idosos e que sejam rapidamente tomadas medidas para os apoiar, já que a pobreza ou a falta de bens essenciais, os limita em vários aspectos das suas vidas.