Com a chegada do 12º ano, carregada de importantes decisões e perspectivas para o futuro, um novo desafio surgia nas nossas vidas. Finalmente teríamos a disciplina de Área de Projecto e, no âmbito desta, seria necessário escolher um tema actual a desenvolver num projecto, ao longo do ano lectivo. Depois da constituição do grupo de trabalho, era a hora de reflectir e discutir acerca da eleição de um tema que fosse ao encontro das expectativas de cada um dos elementos e que, acima de tudo, fosse gratificante, despertando em nós, o desejo de nele trabalhar afincadamente em direcção ao maior sucesso possível. Não foi fácil, mas chegámos a um consenso e o tema escolhido foi, sem sombra para dúvidas, a Discriminação/Reinserção Social face ao Idoso.
Muitos poderão questionar o porquê de termos eleito esta temática. A resposta é simples: os idosos são quem mais precisa de nós, já que nos dias que correm são muitas vezes tratados pela sociedade como “trapos velhos”, sendo maltratados e discriminados em variadas situações.
A discriminação ou qualquer outro tipo de crime exercido sobre o idoso, é uma realidade bem presente nos nossos dias, no entanto, muitos a ocultam, principalmente os mais jovens, que preferem não abordar o assunto, fazendo de conta que este verdadeiro flagelo não pertence às suas vidas. Porém, nós jovens que nutrimos muito orgulho e carinho pelos nossos velhos sábios, quisemos sem qualquer medo ou preconceito dar asas a este assunto e ajudar os idosos a ultrapassarem este grande problema que tanto afecta as suas vidas.
O envelhecimento deveria ser a fase, como eles próprios a tratam, da melhor idade. Período de aproveitar e usufruir os bons momentos, depois de uma vida inteira dedicada ao trabalho e família. Mas nem sempre é esta a realidade de muitos dos idosos. Estes deixaram de ser vistos, como seres de sabedoria, contadores de histórias, mas sim como “velhos" que dão trabalho, estão à espera da morte, e deixaram de ser úteis. A debilidade física e emocional torna estas pessoas, muitas vezes, alvos fáceis de maus tratos e de esquecimento. Diariamente assistimos a casos de idosos vítimas de discriminação, de crime, violência psicológica, negligência familiar ou abandono. Na maioria das situações, as queixas concretizadas são dirigidas contra filhos, netos ou cônjuges e ainda a outros parentes. As denúncias podem revelar abusos económicos, como tentativas de apropriação dos seus bens, agressões físicas e ainda, recusa dos familiares em dar-lhes protecção.
Em consequência dos maus tratos, muitos idosos passam a sentir depressão, sentimentos de culpa, solidão e negação das ocorrências e situações que os vitimam a viver em desesperança.
Segundo a doutora Cristina, técnica da acção social da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, cidade onde o nosso projecto tem o seu maior foco, são conhecidos no concelho alguns casos de idosos vítimas de alguns dos crimes acima mencionados. Inquéritos realizados a algumas das turmas da Escola Secundária da mesma cidade e entrevistas de rua dirigidas, na sua grande maioria, aos cidadãos marcuenses, mostram que a maioria dos inquiridos considera que no concelho existe escassez de lares ou instituições que possam acolher a população idosa e que esta é discriminada e mal apoiada pelo mesmo. É necessário estar atento a estas situações que pairam na cidade e arredores, já que constituem um grande problema social que precisa de ser urgentemente resoluto.
Defendendo o nosso slogan, “Juntos de Mãos dadas”, demos as mãos aos idosos e com eles temos vindo a tentar mudar um pouco a mentalidade da sociedade, nomeadamente a da comunidade escolar. É essencial perceber que tal como um jovem, o idoso também chora, ri, ama e sofre e que por isso qualquer acto destinado a si surtirá um destes efeitos. Tal como qualquer ser humano, estes devem ser respeitados e considerados constituintes do mundo onde todos vivemos. Um simples sorriso ou uma palavra amiga é o necessário para que se sintam úteis, amados e acarinhados. Os mais jovens têm muito a aprender com os idosos. Nós, por exemplo, ao concretizarmos acções de voluntariado no Lar Rainha Santa Isabel, passamos por momentos que se revelam verdadeiramente importantes, produtivos e gratificantes, já que sempre nos trazem algum ensinamento, alguma reflexão acerca de qualquer aspecto perante o qual nunca nos tínhamos deparado e situações emocionantes que nos fazem rir e até mesmo chorar. Além disso, os mais novos nunca se devem esquecer que um dia também envelhecerão e, assim como os velhinhos de hoje, quererão acima de tudo, respeito, paz e estabilidade para viverem a última etapa das suas vidas. Devemo-nos colocar no lugar deles e reflectir sobre o que sentiríamos ao passarmos por actos tão cruéis, simplesmente por fisicamente não sermos jovens. “Cada um tem a idade do seu coração” e como tal, existem muitos idosos com uma mentalidade mais aberta e pura do que muitos jovens detentores de um espírito decadente e preconceituoso.
Em suma, pretendemos mostrar que o envelhecimento não deve ser encarado como decadência, doença ou peso social, mas sim como um processo natural, universal e irreversível, sendo necessário lutar contra o preconceito, a discriminação e o isolamento que atingem o idoso, dando-lhe o direito de viver em sociedade e mostrando-lhe que é possível viver o seu presente com uma boa qualidade de vida. A sociedade deve, assim, passar de um meio que desvaloriza o idoso a um palco onde este possa transmitir a sua caminhada existencial e a tão vasta sabedoria dela decorrente.

O Grupo “Juntos de Mãos Dadas”
(12ºB)

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